quinta-feira, 12 de novembro de 2015

A cultura do descartável nas relações afetivas

Hoje, percebe-se essa cultura do descartável quando alguém não é mais útil no trabalho, nos negócios, em uma troca de favores e principalmente nas relações afetivas
Man-relaxing-on-sofa

O Papa Francisco, no livro ‘Igreja da Misericórdia’ e também em alguns trechos da encíclica Laudato Si, utilizou a expressão “cultura do descartável” para nos alertar sobre alguns comportamentos que têm feito parte da sociedade moderna, no que concerne a diferentes aspectos, tais como a ecologia e as relações humanas, sejam elas quais forem. De fato, a respeito do último fator, é fácil presenciar pessoas descartando pessoas, quando não há mais uma suposta “utilidade”.
Percebe-se essa cultura do descartável quando alguém não é mais útil no trabalho, nos negócios, em uma troca de favores ou, infelizmente, numa relação afetiva. Esta tende a ser facilmente massacrada pelas imposições da mídia, devido ao culto exacerbado do corpo e dos possíveis prazeres que esse pode oferecer. Não se escolhe mais um parceiro pelo olhar, pelo conteúdo e sorriso, pela inteligência e as boas qualidades. Escolhe-se a pessoa, com a qual supostamente passaremos o resto da vida, fazendo uma análise do corpo físico. O que for mais “sarado” serve.
Ora, sem hipocrisias, obviamente a atração física é importante, mas não pode sobrepor a atração das almas. Quando esta ocorre, automaticamente cria-se um encantamento que une dois seres que se atraem, percebem-se lindos, porque são filhos de Deus.
A atração das almas impede que olhemos somente o exterior, tão cultuado pela mídia, pelas novelas e programas televisivos, os quais ensinam às crianças e adolescentes que bonita é a moça de glúteos fartos e atraente é o rapaz com barriga escultural. Essa mesma mídia tem nos imposto que o legal é descartar, ela tem repetido em nossas mentes– direta ou indiretamente – alguns questionamentos: se a namorada engordou, se o marido está ficando calvo, por que, afinal, tenho que continuar com ela? Por que tenho que continuar com ele?
Sempre sábio esse Papa! Infelizmente, é o que tem acontecido, e nós temos achado bonito cultuar o que é exteriormente belo. Que possamos parar para refletir que todos somos belos e lindos, não importa se baixos ou altos, magros ou gordos, negros ou brancos. Nossos corpos são templos do Espírito Santo e devem ser amados por nós e por outros. Saibamos descartar apenas as ideias abusivas sobre corpos perfeitos e padrões a serem seguidos, e não mais as pessoas, porque elas foram criadas por Deus para serem amadas à sua imagem e semelhança, e não para serem tratadas como objeto que usamos agora e descartamos, porque já não serve mais.
Que os solteiros saibam esperar com fé e alegria aqueles que irão amá-los para sempre, sem descartes; e os que já têm alguém, saibam amar ainda mais, buscando beleza nessa pessoa, mesmo que os anos passem, mesmo que a barriga cresça e o cabelo perca a cor. Afinal de contas, o amor é muito mais que isso tudo.

Quem manda na sua casa: você ou seus filhos?

Não há lugar que não tenha regras. Alguém as inventa, para o bem ou para o mal. Se os pais se eximem dessa função de organizadores do ambiente familiar, os filhos o farão
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É preciso que você tenha bem claro quem manda na sua casa. Só assim será capaz de administrar adequadamente seu lar. Seus filhos necessitam se sentir seguros e a clareza de quem é o responsável transmite essa segurança de uma forma bastante eficiente.
Não faço aqui apologia ao autoritarismo e à ditadura. Pelo contrário, acredito na democracia. Mas de quem saiba governar.
Em um grupo social sempre há um líder. Mesmo entre outras espécies animais essa ideia se confirma. Quando o pai ou a mãe não assumem seu papel na gestão familiar, outra personalidade se destaca naturalmente e assume a liderança. Ocorre que, muitas vezes, não há bagagem de conhecimento, cultura e/ou maturidade para que essa configuração familiar dê certo.
Não há lugar que não tenha regras. Alguém as inventa, para o bem ou para o mal. Se os pais se eximem dessa função de organizadores do ambiente familiar, os filhos o farão. E não têm idade para isso.
Você não conhece bebês que já mandam em casa? Crianças que nem falam ainda, mas que, com um olhar apenas, subjugam seus pais, manipulando-os para que façam suas vontades?
Você nunca viu crianças que batem os pés, se jogam no chão por um salgadinho no mercado ou por um jogo qualquer de última geração?
A deseducação não escolhe idade, cor, religião ou classe econômica.
É preciso analisar a educação do filho, demonstrando de maneira que não haja dúvidas, quem é o responsável pela família (o pai e/ou a mãe, ou o responsável legal, por assim dizer) e simultaneamente, demonstrar que há regras nesse ambiente, e as regras se aplicam a todos os integrantes da casa.
É complicado, por exemplo, dizer para a criança que não deve falar palavrões se ela ouve constantemente seus pais gritando xingamentos e absurdos que ninguém deveria ouvir. Do mesmo modo, é complicado ensinar honestidade se o filho vê o adulto surrupiando trocos no mercado ou furando filas, com cara de paisagem. Respeito se aprende vendo, mais do que ouvindo. Mas com relação a limites, as palavras e os olhares devem bastar.
Dizer sim e não, não é e nem deve ser, prerrogativa dos filhos. Os pais não têm de ser os melhores amiguinhos dos filhos. Têm de ser pais. Por exemplo, é comum os pais levarem seus filhos na casa de amigos e a criança querer levar um “souvenir” que seja um brinquedo, uma folha, um papel qualquer. Não acredito que se deva deixar fazê-lo e, ainda que sofra críticas, vou dizer porquê. O filho deve aprender o limite dos outros.
Deve aprender, a criança, que o mundo não existe para lhe servir, para seu bel prazer. Assim, brincou e se divertiu com as coisas do amiguinho, (que bom) mas as coisas SÃO DO AMIGUINHO! Não são dele! Não pode levar para casa o que não é seu! Isso o ensinará, certamente, ainda que chore e faça birra (o que é normal no início, pois tentará romper o limite) o respeitar o que é do outro.
Ser pai traz uma enorme responsabilidade que transcende o “ser amigo”, especialmente se esse termo é analisado do ponto de vista do filho. Se analisarmos o real significado da amizade, aí sim, entendemos que os pais devem ser os melhores amigos dos filhos. Mas educar é uma atividade exaustiva, que toma muito tempo. Talvez nem sobre tempo para frivolidades. Dizer não é, sim, coisa de amigo. Mas AMIGO, de um jeito que só um pai e uma mãe verdadeiramente responsáveis sabem ser.
Nesse ponto, lembro das vezes em que ouvia os termos “é para teu próprio bem”, “você vai entender quando tiver teus filhos”, e muitos outros jargões que mães responsáveis e pais que se importam dizem. Agradeço meus pais pela quantia de vezes que me fizeram perceber, sem rodeios, que eu devia obedecer as regras para usufruir da companhia deles e de tudo o que isso significava. Nunca quebrei uma escola. Nunca desobedeci nem agredi um professor. Nunca respondi com desrespeito minha mãe, nem meu pai. Não fui um anjo de adolescente, mas reconhecia limites e sabia perfeitamente quando os ultrapassava.
Quando não se sabe quem estabelece (e se existem) limites na casa da criança, ela sequer poderá saber se os ultrapassou. Pior é quando ela sabe que está agindo de maneira incorreta e destaca que, na casa dela, é assim mesmo, ninguém se importa ou, se se importa, não sabe demonstrar isso de maneira positiva ou eficiente.
Quem manda na sua casa? Seus filhos?

Ouça seus filhos, escute o que eles têm a dizer. Delimite parâmetros de acordo com os ideias da família. Discuta a razão das regras diretamente com as crianças. Fale sobre valores e, mais que isso, demonstre no cotidiano os valores sendo colocados em prática, através das mais simples atitudes. Explique o que acontece se não forem obedecidas as diretrizes comportamentais que norteiam a casa.
Defina direitos e DEVERES em casa e na rua. Cobre DIREITOS E DEVERES DAS CRIANÇAS. São algumas das formas que eu acredito ser o caminho certo para criarmos adultos responsáveis e pais de valor. Não apenas pais que se tornaram gestores familiares fracassados, simplesmente por não saberem deixar claro para seus filhos, quem é o adulto responsável da casa.

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