segunda-feira, 3 de abril de 2023

Atentados, suicídios: os jovens diante da violência do mundo

 Francisco Borba Ribeiro Neto - publicado em 02/04/23




Diante dessa situação, existe uma tarefa que compete a todos nós: os jovens precisam ser amados, mas o amor precisa ser verdadeiro e sábio. Entenda como:

Mais um atentado em escolas brasileiras, este culminando com o assassinato de uma professora por seu aluno de 13 anos, nos obriga a pergunta: o que está acontecendo? A sociedade brasileira nunca foi tão pacífica quanto gostaríamos de supor. Assassinatos por motivos fúteis, violência doméstica, linchamentos sempre aconteceram entre nós – ainda que nem sempre noticiados. Contudo, no período recente, parece que estamos importando de países como os Estados Unidos esta nova praga dos atentados em escolas e universidades. Foram pelo menos 16 atentados nos últimos 20 anos, sendo ao menos sete no último ano.

Contudo, os atentados respondem apenas por uma parte do drama. Existe uma regra de não noticiar casos de suicídio, porque a sua divulgação tem o efeito de sugerir ideias suicidas entre outras pessoas. Contudo, a taxa de suicídios entre jovens no Brasil teve um aumento de quase 50% de 2016 a 2021. Seja tentando tirar a vida de outrem, seja tentando tirar a própria vida, estamos assistindo a um aumento vertiginoso da violência entre nossos jovens.

Entre os adultos, o escândalo e o medo gerados por essa situação são compreensíveis – mas pouco ajudam na resolução do problema. Raiva e medo são sempre maus conselheiros, as boas soluções nascem da reflexão serena, do olhar atento e da dedicação às pessoas envolvidas. Quando se trata de violência, a raiva e o medo são ainda mais deletérios, pois pessoas raivosas ou temerosas tendem a ser ainda mais agressivas, insuflando o estado de ânimo que deveriam inibir.

O que está acontecendo?

Tendemos sempre a procurar culpados por tudo de mal que acontece. Com isso, enfraquecemos nossa capacidade de análise e a visão objetiva da realidade. Cada qual tende a culpar aqueles com quem não simpatiza ou os adversários políticos, num comportamento ideológico no qual se revela uma parte do problema, mas se deixa de ver outros.

O fato é que vivemos numa sociedade onde as pessoas tendem a sentir-se cada vez mais ressentidas com a sociedade circundante. Lembrando o título de uma obra de Freud, podemos falar de um “mal-estar na civilização”. A ideia é simples e não precisa ser nenhum freudiano para constatar sua veracidade. Para nos adequarmos à vida em sociedade, temos que aceitar fadigas, pressões e desgostos. Trata-se de uma inevitabilidade com a qual convivemos todos os dias de nossa vida, desde a mais tenra idade.

Quanto mais simples, autoritária e estática é a estrutura social, mais esse “mal-estar” é naturalizado, aceito como normal e reconhecido como inevitável. Numa sociedade complexa, plural, liberal e dinâmica, como é a nossa, diminui a adesão às normas sociais, cujo lado autoritário se torna mais evidente. Por que seguir essa ou aquela norma social, se ela não nos faz mais felizes? Por que se esforçar para alcançar certas metas pessoais, se depois constatamos que elas não nos darão a satisfação prometida? Para que ser “bons cidadãos” se todos os dias vemos esses cidadãos frustrados e acabrunhados, esmagados pelo peso dos compromissos e pelo despotismo dos poderosos, insatisfeitos diante dos prazeres que lhes foram mostrados, mas não foram entregues?

Nossa sociedade vende uma realização que depois não consegue entregar. Somos todos como que forçados a nos apresentarmos como felizes e bem-sucedidos (veja-se as imagens que divulgamos de nós mesmos em nossas redes sociais), mas tão poucos alcançam realmente a felicidade e o sucesso! Tudo isso gera um contexto de ressentimento, depressão e raiva. Não é à toa que as pesquisas indicam que a taxa de pessoas diagnosticadas com depressão na sociedade brasileira subiu cerca de 34% entre 2013 e 2019.

É uma armadilha, um labirinto de difícil saída, montado para as novas gerações – que ouvem cada vez mais promessas de realização, mas são pressionadas a alcançarem um sucesso que não lhes parece factível. Nesse contexto, a explosão da violência se torna cada vez mais provável, podendo ser desencadeada por uma infinidade de “detonadores”, muitos dos quais quase imperceptíveis aos olhos dos demais.

Bullying, famílias disfuncionais e redes sociais

Três fatores são normalmente indicados entre esses “detonadores” de comportamentos agressivos, antissociais ou suicidas. Nos ambientes juvenis, se sobressai o bullying. Jovens diferentes, que não se encaixam nos padrões hegemônicos dentro do grupo social, se tornam vítimas das chacotas, do desprezo e do tão temido cancelamento por parte dos demais. Curiosamente, pessoas que poderiam ser colocadas em extremos opostos do espectro ideológico muitas vezes são vítimas do mesmo bullying. Por exemplo, o cristão que deseja viver sua castidade e o homossexual que deseja liberar sua sexualidade poderão ser igualmente cancelados por não se encaixarem num padrão de heterossexualidade permissiva… As armadilhas do poder são mais sutis do que imaginamos!

O segundo fator frequentemente apontado como desencadeador de comportamentos violentos entre jovens advém dos problemas familiares, como violência doméstica e abandono parental. Contudo, também aqui, é perigoso uma generalização esquemática. Não é que por traz de cada suicida e de cada perpetrador de atentados encontraremos uma família disfuncional. Além disso, muitas vezes os próprios pais são vítimas de más condições de trabalho ou de uma situação de pobreza material e humana que não lhes permite dar a atenção e o cuidado aos filhos que desejariam dar.

Por fim, as redes sociais se tornaram o grande vilão de nossos tempos. Elas permitem que ideologias, exemplos e até instruções sejam difundidas com uma facilidade nunca vista em nossa sociedade. Congregam solitários que nunca teriam se encontrado antes. Criam, no mundo virtual, falsas realidades que podem estimular comportamentos antissociais, ódios e agressões. Em sua abrangência e pluralidade, parecerem incontroláveis para famílias e governos.

O que fazer?

Soluções nascidas do desespero e da raiva são pouco eficientes. Aumentar o policiamento ostensivo nas escolas, impor uma disciplina mais rígida colocar detectores de metais são alternativas que podem até ser necessárias em alguns casos – mas não são respostas efetivas para o problema. Quem impedirá o agressor de atacar seus colegas e professores na rua? E os jovens que se suicidam em casa? Eles também são filhos de Deus e vítimas dessa situação generalizada.

O controle das redes sociais é uma necessidade de nossos tempos. A liberdade não é a mesma coisa que o direito de propagar o mal entre os influenciáveis. Contudo, o fato é que há muitas tentativas e poucos resultados realmente eficiente. A complexidade da questão pode ser vista nas discussões sobre a censura do Estado e a responsabilização das chamadas big techs, proprietárias das redes. Acompanhar o que os jovens estão vendo é, sem dúvida, uma das muitas responsabilidades dos pais, mas temos que ser realistas: como pais que trabalham por 8 a 10 horas diárias poderão fazer esse controle? E nem todos, na verdade muito poucos, tem a alternativa de deixar de trabalhar ou ter um emprego de só meio período para poder estar mais perto dos jovens.

Um passo fundamental – e talvez não tão difícil – é garantir assistência psicológica para professores, estudantes e até policiais. O corpo docente deve estar capacitado para perceber quando jovens estão em situações frágeis e/ou perigosas e ter para onde encaminhá-los. A polícia tem que saber o que fazer quando recebe uma denúncia ou constata uma situação violenta numa escola (no caso do assassinato da professora, o menor já havia sido inclusive denunciado para a polícia). 

Saber amar

Diante dessa situação, existe uma tarefa que compete a todos nós: aprendermos a amar mais os jovens. Evidentemente isso vale em primeiro lugar para os pais, mas também a professores, sacerdotes, influenciadores e até chefes e empregadores. Os jovens precisam ser amados, mas o amor precisa ser verdadeiro e sábio. Amores possessivos, que sufocam os jovens com expectativas traçadas por outros, ou permissivos, que pecam pela falta de orientação, não ajudam. O exemplo dos adultos é fundamental – mas o primeiro exemplo é o de que somos felizes amando (e, muitas vezes, temos um longo caminho pessoal, pois não somos felizes, nem sabemos amar).

O primeiro passo do amor é a acolhida. Nossos jovens vivem numa sociedade que não sabe acolher, por mais que diga o contrário. Corrigi-los é sempre importante, mas só quem acolhe é reconhecido como tendo o direito de corrigir. A correção sem a acolhida não é aceita e tem o efeito contrário. As ideologias são perigosas, mas denunciá-las sem mostrar o amor só serve para gerar mais raiva e ressentimento.

Saber amar é uma capacidade inerente a todo ser humano, não depende dessa ou daquela confissão religiosa. Porém, Cristo – que se entregou à morte por amor a cada um de nós – é o maior mestre de amor que podemos encontrar. Oremos por nossos jovens, pelos que mais sofrem, pelas vítimas da violência, por nós mesmos, que o manto da misericórdia a tudo cubra, consolando-nos na dor, ensinando-nos a viver.


Atentados, suicídios: os jovens diante da violência do mundo (aleteia.org)

domingo, 2 de maio de 2021

Casal e dinheiro: como evitar conflitos sobre gastos

 


O dinheiro é uma das primeiras causas de brigas entre um casal. Esta questão é ainda mais crítica pela dificuldade de equilíbrio do orçamento familiar. Algumas dicas de como administrar melhor as contas como casal, sem discutir.

Em tempos de crise, pode ser tão difícil administrar o orçamento familiar como fazer a quadratura do círculo. Mas alguns casais enfrentam este tipo de dificuldades, independentemente do contexto econômico. De onde vem o problema?

E quanto ao bem-estar do meu cônjuge?

Marc e Sabine vivem atualmente esta situação. Eles não conseguem saldar suas contas bancárias regularmente no débito e se culpam uns aos outros. “Sabine não entende que sua matrícula no ginásio e as constantes idas às compras são um enorme fardo no nosso orçamento”, diz Marc, que sente que é um “desperdício”. E Sabine acusa seu marido de gastar “muito dinheiro” em “jantares com os amigos”. “Jantares aos quais você assiste”, completa ele, zangado.

Entre outras coisas, Marc gostaria de reservar um pouco mais de dinheiro para as férias, e principalmente para estadias na serra, o que ele adora muito. “Cada um tem os seus prazeres”, diz Sabine, irritada. Nesta fase, cada um pensa em seus próprios prazeres sem levar em conta o bem-estar do outro. O bem-estar do outro: uma coisa que percebem que a colocaram entre parênteses quando fazia parte do projeto inicial do casal. Eles também percebem que cada um procura proteger seus interesses e escolher no que gasta seu dinheiro.Tentação horrível!

Um plano de vida de longo prazo e uma revisão anual do orçamento

Para superar suas discordâncias, Sabine e Marc terão que reativar esse desejo de ouvir um ao outro e, por outro lado, planejar seu futuro financeiro até certo ponto. Eles também terão que se fazer algumas perguntas fundamentais sobre seus sonhos e medos: como seriam suas vidas, idealmente, daqui a cinco, dez ou vinte anos? Eles estão considerando comprar uma casa ou um apartamento? Que tipo de vida eles sonham em ter? Eles temem pela educação de seus filhos? Para sua aposentadoria?

Em seguida, eles precisarão determinar seus objetivos, levando em conta as respostas às perguntas anteriores. Depois, compartilhar essas expectativas juntos, a fim de desenvolver suas perspectivas futuras. Um plano de longo prazo, mesmo que seja apenas prospectivo, ajudará a alcançar os objetivos. Uma revisão anual do plano financeiro, durante uma revisão conjugal, por exemplo, reorientará as propostas iniciais. Esta forma de operar, mesmo que não resolva todas as dificuldades, vai ajudar muito a pavimentar o caminho.

Marie-Noël Florant


Os problemas financeiros não precisam destruir seu casamento

 


Um testemunho sobre como um casal aprendeu a viver dentro de seus recursos e a se amar mais do que as coisas materiais

Meu marido e eu nos casamos e imediatamente tentamos alcançar o alto padrão de vida que nossos pais haviam alcançado depois de muitos anos de trabalho e esforço. Acabamos em dívidas desde o início. Por vários anos nossa renda era apenas o suficiente para pagar nossas dívidas e viver com certo grau de simplicidade, o que – juntamente com as despesas inesperadas – nos cansou e criou tensão em nosso relacionamento.

Então, tentamos resolver esta crise como se fosse puramente econômica; nós hipotecamos a casa para fazer investimentos dos quais esperávamos um retorno tão promissor que todos os nossos problemas seriam resolvidos. Mas nossas previsões, planos e promessas não foram como esperávamos, e isso nos fez cair ainda mais em dívidas.

Uma batalha árdua

Quando nós dois tínhamos 40 anos de idade, tivemos de admitir que não era nada realista pensar que nossos melhores anos ainda seriam gastos pagando dívidas. Nosso relacionamento começou a ser preenchido com sombras escuras de medo, irritabilidade, culpa, ressentimento e obsessões.

Essas sombras começaram a reduzir nossa capacidade de amar um ao outro e nutrir nosso casamento. Acabamos ficando presos pela impossibilidade de voltar no tempo e mudar o nosso passado, pelo menos um pouco.

Sabíamos que não havia outra opção para nossa família do que começar de novo, subindo a colina íngreme da responsabilidade, mas agora com o peso adicional de se tornar mais pessimistas e inseguros. O que aconteceria se um de nós adoecesse? Ou perdesse o emprego? Ou se tal decisão acabasse por ser outro erro? E se…?

Para piorar as coisas, estávamos nos acostumando a acusações mútuas como “você deveria ter feito isso ou aquilo, ou tentado isso ou aquilo…”. Nós continuamos agitando o passado, reclamando constantemente, e nosso casamento se deteriorou mais rápido do que nunca.

Por fim, ao ser forçados a pedir ajuda, começamos a mudar e avançar, embora com dificuldade.

Viva no presente

Chegamos a entender que, para permitir que as coisas boas acontecessem, teríamos que parar de reagir nervosamente, arrastados pelos eventos; em vez disso, precisávamos ser proativos.

Então, decidimos começar de novo, deixando de lado os ressentimentos e aceitando que o passado era o passado, e que, em relação ao futuro, era impossível prever perfeitamente o que aconteceria ou como aconteceria. Percebemos que, no final, o presente era o único momento que nos pertencia; somente no presente podemos tomar decisões livres, usando o melhor de nosso intelecto e vontade.

Como implementamos isso? Começamos a tomar nossas decisões com mais realismo, prevendo e planejando as coisas do melhor jeito possível, confiando em Deus e trabalhando duro, e, principalmente, reduzindo nosso padrão de vida enquanto pagávamos nossas dívidas.

Nós decidimos que, para salvar nosso casamento, nossas decisões devem ser mais focadas em ser do que em ter. Percebemos que, para ser felizes, realmente precisávamos de muito pouco.

Nós devolvemos nossa casa para o banco para pagar nossas dívidas, e alugamos uma habitação modesta, mas digna. Para nossa surpresa, encontramos escolas excelentes e acessíveis na região, pechinchamos em supermercados e muitas outras coisas que não tínhamos considerado antes, e o conjunto dessas atitudes nos permitiu viver felizes em um nível socioeconômico mais baixo.

Nenhuma nostalgia pelo passado

Nós nos reeducamos, aprendendo a viver um dia por vez, sem a sensação de vazio ou frustração por não ter uma coisa ou outra, ou por viver no passado (sentir-se triste e desiludido) ou no futuro (com ilusões ou esperanças vãs). Começamos a viver aqui e agora, em vez de esperar para viver até que pudéssemos conseguir algum objetivo ou outro ou resolver algum problema que tínhamos em nossas mentes.

Nossas decisões foram muito claras e firmes, e estabeleceram as bases para organizar nossas ideias, ações e sentimentos, para que pudéssemos aproveitar nossa nova liberdade interna.

Nossas decisões incluíram:

  • Aprender a criar e seguir um orçamento familiar mensal e anual.
  • Não criar necessidades para nós mesmos: não pensar que necessariamente devemos nos vestir de certa forma, ter certos tipos de entretenimento, enviar nossos filhos às escolas “corretas” etc., com base no que as pessoas estavam fazendo no nível socioeconômico a que tínhamos aspirado.
  • Encorajar e apoiar nossos filhos em seus estudos. Graças a isso, eles ganharam bolsas de estudo.
  • Cultivar espiritualidade, passatempo, leitura ou reflexão.
  • Aprender com outros em circunstâncias de vida semelhantes que poderiam nos ensinar e nos dar um bom exemplo.

Recupere o tempo para o amor

Não há razão para que a falência financeira conduza à falência matrimonial. A consequência mais importante dessa percepção foi que fomos capazes de reconstruir nosso casamento. Ao perceber os nossos defeitos e a nossa anterior falta de apoio mútuo como cônjuges, poderíamos recuperar, pouco a pouco, tempo e espaço para o nosso amor. O casamento é uma realidade infinitamente mais profunda do que a simples interseção de duas vidas nos abismos da existência humana.

Agora vivemos com felicidade e com esperança no futuro. Somos mais importantes do que nossa inexperiência e erros, e confiamos que a Divina Providência está guiando nosso caminho.

Hoje em dia aceitamos o que nos acontece, nós interiorizamos isso, e transformamos em uma história que nos pertence. Sem negar a realidade de nossas circunstâncias, nunca duvidamos da possibilidade de restaurar, proteger e aumentar nosso amor.


https://pt.aleteia.org/2021/04/27/os-problemas-financeiros-nao-precisam-destruir-seu-casamento/

11 passos para tornar sua filha uma mulher decidida e confiante

 



Dra. Meeker, mãe e pediatra com 30 anos de experiência, escritora de best-seller, propõe como educar meninas

Você quer ser um pai ou uma mãe que educa bem suas filhas para que amanhã elas sejam mulheres decididas e confiantes? Em seu livro “Raising Strong Daughters in a Liquid Society”, a Dra. Meg Meeker propõe 11 dicas para você – mamãe e papai – levar em consideração.

Sua opinião, baseada em 30 anos de experiência em consultoria de pacientes, é inestimável.

1. Conheça o seu coração

Para que o amor materno/paterno seja verdadeiro e para que haja compreensão entre pais e filhas, devemos primeiro conhecer as filhas. Como está seu temperamento, seu caráter e – acima de tudo – o que move seu coração.

Para fazer isso, a Dra. Meeker indica que os pais devem passar mais tempo com suas filhas e que sua presença é essencial. “O objetivo não é ser perfeito, mas estar presente – física, mental e emocionalmente – e proporcionar-lhes uma experiência geral de amor e compreensão.”

Sobre a presença do pai e da mãe, Meeker alerta que não se trata apenas de “estar lá”. Deve haver uma presença ativa, real, operativa, consciente, criativa, afetiva, que oriente e dê referências, que registre, olhe, veja, ouça, sinta, entenda, toque, ame.

Presença implica que pai e mãe (ambos) dêem carinho e compreensão, em equilíbrio com a imposição das regras adequadas à convivência familiar.

Se necessário, deve haver sanções quando as filhas não cumprirem a norma.

2. Responda estas quatro perguntas essenciais

De acordo com a Dra. Meeker, toda filha precisa de uma resposta para estas quatro perguntas essenciais.

“De onde venho?”. A resposta, segundo a autora, deve se basear no plano espiritual, pois, segundo ela, “as meninas que têm fé são imensamente mais felizes e mais fortes”.

“Eu sou importante (especialmente para meus pais)?” É importante que cada filha se sinta única diante dos pais. Assim você terá autoestima, terá um desenvolvimento equilibrado. Quando não há abandono, evitam-se dependências emocionais no futuro ou outras patologias. A autoestima de uma filha aumenta sabendo que seus pais gostam de estar com ela.

“Existe um padrão moral?” O comportamento do pai e da mãe é sua principal referência. O exemplo pessoal e a consistência com os princípios ensinados são essenciais.

“Para onde vou?”. Os pais não devem cair no protecionismo. Devem dar à filha autonomia e independência pessoal para construir seu próprio projeto de vida. Desde o primeiro momento, pai e mãe devem orientar a filha para um justo distanciamento emocional e físico.

3. Mãe: mentora e aliada

Meeker ressalta que o vínculo materno é insubstituível como modelo para as filhas: “As mães guiam suas filhas de uma maneira que a maioria dos pais não consegue”.

Isso se deve à empatia, qualidade em que a mulher se destaca acima do homem. “Se você é mulher, foi programada para garantir a manutenção da harmonia social”.

4. Pai: exemplo de amor, proteção e liderança

«Os pais são o modelo a partir do qual as meninas obtêm o seu modelo de masculino… A experiência de uma filha com o seu pai biológico irá afetar todas as relações que ela terá com os homens durante a vida (…) Meninas que mantêm um forte vínculo com o pai crescem mais autoconfiantes».

É importante que as meninas tenham a aprovação e o reconhecimento de seus pais. O pai será a “medida” na relação que ela tiver com os outros homens: elas vão querer um homem que a trate como o pai trata, respeita e ama a mãe dela.

Portanto, todo pai deve se esforçar para ser como gostaria que o futuro marido de sua filha fosse, porque esse é o modelo que ela inconscientemente buscará.

Quando isso não ocorre, as filhas apresentam um déficit amoroso na maturidade. “Todas as mulheres com baixa autoestima contam histórias das quais se deduz uma relação filial difícil ou insatisfatória com o pai: falam de um pai ausente, incapaz de gestos afetuosos, às vezes abertamente desdenhoso”.

5. Ajude-a a controlar as telas

Nessa sociedade digitalizada, Meeker nos alerta que “as meninas buscam aprovação, e as plataformas sociais são um meio de obtê-la. Uma vez que sejam aceitas e obtenham curtidas suficientes, serão consideradas valorizadas. Estudos têm mostrado uma ligação clara entre o uso de redes sociais e depressão entre mulheres jovens (…) Fotos e textos não são um substituto para relações humanas reais”.

6. Ensine a ela feminismo saudável

“Parece haver”, diz Meg Meeker, “uma ligação muito real entre o triunfo social do feminismo e uma cultura de solidão, ansiedade e depressão maior do que nunca.” A autora ressalta que impor parâmetros masculinos a si mesma acaba prejudicando as mulheres. Mulheres e homens não são motivados da mesma forma, embora tenhamos igual inteligência e capacidade de ação. Não valorizamos o sucesso profissional ou seu impacto na vida familiar e pessoal da mesma forma.

Meeker aponta questões que foram vendidas como avanços, mas impedem o verdadeiro feminismo: a contracepção sistemática e constante desde a puberdade, o aborto como método anticoncepcional generalizado, a pornografia, a obsessão com a perfeição do corpo e para evitar o envelhecimento, as barrigas de aluguel que degradam a dignidade das mulheres.

Quando se trata de ideologia de gênero, Meeker é muito crítica. Ela ressalta que é ela ideologia é culpada de que, por exemplo, nos Estados Unidos, tenham crescido casos de “disforia de gênero” entre as meninas, que acham que trocar o corpo pelo de menino resolverá seus problemas.

A autora fala de um feminismo “saudável”, que entende que a feminilidade é algo positivo e maravilhoso; isso inclui a maternidade, que é sua expressão mais importante.

7 Nutrição e imagem corporal equilibrada

A obsessão pela imagem pessoal é uma nova escravidão. Meeker alerta para a futilidade das mães exemplares que não aceitam a passagem do tempo em seu corpo e o modificam a todo custo.

Quanto ao pai, ela explica que quando sua presença é fraca ou turva, já se pode falar de uma “orfandade”: as filhas não se sentem validadas ou valorizadas. Isso as leva à insegurança, a não gostar do outro, a se preocupar excessivamente com o físico. Pode levar a distúrbios alimentares como anorexia e bulimia.

8. Confie na sua fé em Deus

Meeker lembra que “93% dos estudos científicos mostraram que a fé dá às pessoas mais significado e sentido em suas vidas… e 78% mostraram que pessoas com crenças têm menos ansiedade.”

9. Ajude-a a desenvolver uma sexualidade saudável

Antes de entrar na adolescência, as crianças aprendem uma ideia fundamental: sua sexualidade é a parte mais significativa de sua identidade e define quem são… a insistência de nossa sociedade em sexualizar as crianças está minando o desenvolvimento sexual saudável, minimizando sua complexidade e obrigando as crianças a tomarem decisões sobre sua identidade enquanto ainda estão desenvolvendo autoconsciência, com consequências terríveis.

A sexualidade está dissociada de sua dimensão afetiva e reprodutiva. Eles são incentivados a agir o mais rápido possível, com o primeiro parceiro a agir. Qualquer relação sexual é válida se for “segura” do ponto de vista da saúde física. A prevenção da AIDS e do papilomavírus humano se tornaram a desculpa para se intrometer violentamente na vida íntima das crianças.

Meeker diz que para as filhas serem realmente fortes, o foco deve ser cultivar o autocontrole, a valorização da dignidade pessoal e o respeito pelos sentimentos dos outros. Os pais devem favorecer a força e a temperança, em vez de aceitar a visão de uma sexualidade adulta egoísta, narcisista e autodestrutiva. Existe um paradoxo: falamos mais do que nunca sobre os direitos das crianças, mas o seu direito à privacidade é violado. A ideologia de gênero na escola é uma ingerência indevida e ilegítima do Estado em um assunto que deveria ser reservado exclusivamente à família.

Meeker aponta claramente: «Muitas meninas que foram sexualmente ativas, especialmente com muitos parceiros, sofrem de depressão em maior ou menor grau … quando uma relação sexual termina, a menina sofre de falta de compromisso e perde a auto-estima, confiança, afeto e intimidade, o que causa depressão”.

Em contraste, “as filhas que recebem afeto, respeito e aceitação dos pais correm menos risco de serem sexualmente ativas prematuramente e têm uma autoconfiança e autoestima que não precisa da afirmação de nenhum namorado sexualmente agressivo”.

10. Ajude-a a encontrar bons amigos

Para as filhas e mulheres em geral, uma rede de boas amizades garante qualidade de vida. Permite exercitar uma boa comunicação, o que beneficia a saúde mental e a autoestima.

A maioria das mulheres associa o amor a conversa e comunicação verbal. Especialmente na puberdade, quando os estrogênios inundam o cérebro feminino, os hormônios levam as meninas a se conectar: ​​compartilhar experiências pessoais, longas conversas ao telefone e se preocupar com os problemas de outras pessoas.

Meninas desde muito novas sentem um alívio biológico ao se comunicarem. “Quando as meninas se tornam amigas íntimas, seu mundo emocional se expande rapidamente com os segredos, pensamentos e sentimentos que compartilham… ter o apoio de algumas amigas próximas é essencial para as meninas… elas aprendem a lidar com conflitos, ser mais assertivas e se conhecerem melhor… “.

11. Ajude-a a ser uma mulher decidida e forte. Não é uma vítima

“Felicidade e autoestima”, diz Meeker, “são consequências da responsabilidade pessoal, trabalho árduo, fé, esperança, do desenvolvimento do controle pessoal e da independência… mas em vez de ensiná-las a serem independentes, fazemos as coisas por elas, pedimos desculpas quando elas cometem erros e as impedimos de assumir total responsabilidade por seus erros… também achamos difícil impor disciplina e regras porque preferimos evitar confrontos.

A conseqüência de tal educação é que as meninas se tornarão fracas: sempre olharão para a culpa, pensarão que o mundo é injusto com elas, serão incapazes de assumir suas próprias responsabilidades.

A melhor medida de proteção é capacitar as filhas para que sejam capazes de lidar com as dificuldades da vida. Dê-lhes coragem para enfrentar o mundo real. Aumente suas capacidades e pontos fortes. Entre pai e mãe, o equilíbrio certo deve ser encontrado para proteger as filhas e, ao mesmo tempo, encorajá-las.

Dr. Meeker alerta para a superproteção. Acreditando que demonstramos amor pelas filhas, cortamos suas asas. Os pais devem se esforçar para torná-las autônomos e independentes.

Meeker propõe, por exemplo, incentivá-los a realizar tarefas por conta própria e a se virarem, o que as obrigará a desenvolver suas próprias habilidades. Não se trata de poupar esforço e sofrimento, mas de saber como lidar com eles. 


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terça-feira, 31 de março de 2020

FAMÍLIA – LUZES NO LAR

Silhueta de uma família andando de mãos dadas Vetor grátis

Ponto de luz«Às vezes, fala-se do amor como se fosse um impulso para a satisfação própria, ou um simples recurso para completarmos em moldes egoístas a nossa personalidade. E não é assim: o amor verdadeiro é sair de si mesmo, entregar-se. O amor traz consigo a alegria, mas é uma alegria com as raízes em forma de cruz… O amor deve ser renovado dia a dia; e o amor se ganha com o sacrifício, com sorrisos, com arte também» (Entrevistas a Mons. Escrivá, nn. 43 e 107).

Um projeto a ser realizado

São Josemaria falava sempre de que os lares cristãos deveriam ser «luminosos e alegres».

Enchem-se de luz os lares em que o casamento e a família são vistos como um «projeto» a ser realizado dia após dia, entre os três (marido, mulher e Deus). Entendem que o matrimônio cristão é – como o sacerdócio – uma «vocação» e uma «missão», que o dia das núpcias é apenas um início, que exigirá um aprendizado, uma retificação, um aprimoramento e uma renovação contínuos[1].

Alguém dizia, com aparente seriedade, que «o matrimônio não existe», e com isso queria significar que é como o projeto de uma construção apenas planejada; só se tornará real quando os esposos, com a oração, com  o aprofundamento na formação cristã, e a experiência, comecem a construí-lo. E deve ser uma construção permanente, diária, uma tarefa que durará a vida interia.

Precisarão os esposos de cuidar dos alicerces, as bases fortes de um ideal familiar cristão; e escolher os melhores materiais: as virtudes humanas e sobrenaturais aplicadas a cada situação, fácil ou difícil: fé, esperança, amor, prudência, fortaleza, generosidade, desprendimento, justiça, etc.

O alicerce insubstituível da família, como de toda a vida cristã, é Cristo, que está sempre pronto para ajudar, mediante graça do Sacramento do Matrimônio. Cada um veja como constrói – dizia são Paulo –. Quanto ao fundamento, ninguém pode colocar outro  diverso do que foi posto: Jesus Cristo (1Cor 3,10-11).

Sobre esse alicerce, os materiais são as virtudes. Uma família, um lar, construído sobre o direito de ser feliz e os meros sentimentos, é uma casa de papel que um fósforo pode reduzir a cinzas.

Ora, entre as muitas virtudes que se devem conjugar para a edificação de uma família bela e sólida, penso que há duas que têm um papel fundamental: a humildade e a generosidade.

A humildade

            Quando se cultiva essa virtude, vai-se adquirindo um «seguro de amor», que previne a falência. O que desgasta a família é quase sempre a falta de humildade: quer se chame soberba, egoísmo, susceptibilidade, teimosia, prepotência… Tudo isso são colorações diversas do orgulho.

A experiência mostra que as duas frases de santos que vou citar a seguir estão carregadas de razão:

  • Santo Agostinho: «Não há caminho mais excelente que o do amor, mas por ele só podem transitar os humildes».
  • São Josemaria: «A soberba é o maior inimigo da vida conjugal».

Sugiro que se examine sobre algumas manifestações de humildade, que anoto a seguir:

  • respeito mútuo dos esposos. Cada ser humano é imagem de Deus, e só por isso merece ser respeitado. São Josemaria recordava que Cristo morreu por todos, e que «cada um vale todo o sangue de Cristo». Quando se perde o respeito entre marido e mulher, torna-se impossível a compreensão e o diálogo. Crescem as humilhações mútuas, a grosseria, o desprezo e a injúria, falhas que são a peste do amor.

Com o egoísmo, o marido tende para a passividade no lar, para a poltrona, o jornal, a tv, e outras formas de esquecimento dos problemas domésticos. A mulher tende a cair no desleixo na apresentação, nas reclamações excessivas e nos maus modos; e os nervos ficam mais prontos para disparar.

Um excelente ato de respeito é saber escutar, sem menosprezar a pessoa que fala. A Imitação de Cristo diz: «Não queiras confiar demais na tua opinião… Sempre ouvi dizer que é mais seguro ouvir e receber conselho do que dá-lo… É sinal de orgulho e teimosia não querer concordar com os outros quando a ocasião e a razão o pedem»[2]. A virtude da prudência – muito ligada à razão e à reflexão – é a que nos indicará quando convém calar e escutar e quando falar.

  • misericórdia, que é a capacidade de compreender e relevar as misérias alheias, assim como Deus compreende e perdoa as nossas. Consiste em saber desculpar, em não revidar na hora, em tratar de esquecer, mudar de conversa, perdoar. Perdoai e sereis perdoados, dizia Jesus (Lc 6,37), e respondendo a uma pergunta de Pedro sobre a frequência do perdão, disse-lhe que é preciso perdoar não só sete vezes, mas setenta vezes sete (Mt 18,22).

Custa perdoar. Sem dúvida. Mas, com Deus, podemos. Peçamos-lhe que Ele, todopoderoso, queime o arquivo maligno que guardamos no coração, contendo a lembrança de todas as mágoas antigas e recentes. Essas mágoas que, quando um esposo ofende o outro, emergem como uma lista interminável de recriminações e acusações mútuas. Como sofre o amor por não termos sabido calar e abandonar as nossas dores nas mãos de Deus!

  • gratidão. É importante agradecer tudo, até os menores serviços e atenções, com simplicidade; sem cair no acostumamento, como se tivéssemos direito a tudo. É um conselho que o Papa Francisco não se cansa de repetir aos casais. Costuma falar de «três palavras-chave» para fazer o casamento durar: “Posso?”, “Obrigado” e “Desculpe”[3]. Pense que um pequeno elogio, uma palavra amável bem escolhida, é como pó de estrela que ilumina o dia.

A generosidade

Amar é dar, sobretudo é dar-se. O egoísta só pensa no que recebe, e então calcula com uma balança interior mesquinha o pouco que dá. O generoso é como Jesus, que não se poupou em nada e deu a vida por nós.

Vamos lembrar agora apenas dois aspectos da generosidade no cotidiano do lar:

  • Ultrapassar-se a si mesmo. Não pensar: «Já faço muito, faço até demais». O coração generoso sempre diz: «Plus ultra» – «Mais além», como os antigos navegantes.

  • Às vezes, esse «além» será algum sacrifício mais custoso, que exige vencer o bem-estar e o comodismo. Mas, na maioria dos casos, será «ir além» em pequenos pormenores: nas coisas pequenas que renovamos, na inventividade no cuidado das coisas mais comuns (como evitar a monotonia nas refeições ou nos assuntos de conversa; como cuidar da limpeza e dos enfeites que alegram o lar; ou como vencer o desleixo no arranjo pessoal). É aí onde se deve concentrar o espírito que refaz tudo, que transforma o mais comum em uma floração cheia de surpresas e de encanto.

  • Para finalizar, pensemos que é da máxima importância o cultivo constante da vida espiritual. Já víamos que Deus deve ser o Mestre de obras na construção do lar. Vou acrescentar agora que Ele deve ser a Vida da vida dos protagonistas do lar. Alimentemo–nos do Pão de Deus na Santíssima Eucaristia, da sua Palavra na oração; das outras práticas de piedade próprias do homem e da mulher de fé; e peçamos uma maior participação nos frutos do Espírito Santo, que enumera são Paulo: amor, alegria, paz, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, autodomínio (Gl 5,22-23).
[1] Cf. nosso livro A paz na família, 2ª edição, Quadrante 1999
[2] Livro I, capítulo 9
[3] Ver a Exortação apostólica Amoris laetitia-A alegria do amor, de 19 de março de 2016, n. 133

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