sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

O fim da infância



autor: Emílio Carlos

Publicado no Portal da Família em 04/08/2010

O fim da infância foi decretrado por aqueles que não são mais crianças. Por aqueles que se esqueceram de como é ver o mundo pelos olhos de uma criança. Por aqueles que só adoram um deus: o dinheiro.
A infância sofre uma erotização precoce e desnecessária cada vez maior através dos meios de comunicação: danças vulgares na TV, músicas com palavrões e letras chulas, material pornográfico exposto em bancas para quem quiser ver, para não falar da internet.
Dia desses entrei com meu filho para comprar gibis em uma banca de jornal. Os gibis estavam em meio a revistas de mulheres nuas…
A mídia ensina sexo às crianças da pior maneira possível: de forma preconceituosa, errada, precoce demais. E diz que isso é sinal dos tempos.
Aqueles que se esqueceram que foram crianças um dia dizem que “hoje em dia toda criança sabe o que é sexo”. Se enganam – as crianças não sabem.
Nas histórias de cada um de nós tudo teve o momento certo: engatinhar, andar, falar, ler, e assim por diante. O amor também tem um tempo certo. Só que a mídia põe o carro na frente dos bois, suprime o amor – e tudo que resta é a relação física entre homens e mulheres.
Os grandes poetas, os grandes compositores que tanto falaram de amor de repente estão errados? Falam de uma coisa que não existe? Deviam ter falado só de sexo?
Sexo é bom com a pessoa certa e na hora certa. E essa hora com toda certeza não é na infância. Quanto mais se erotiza a infância mais casos de pedofilia assistimos, mais meninas grávidas precocemente, mais DSTs dissiminadas, sem falar da AIDS.
Estamos beirando a Sodoma, sem moral (palavra que a mídia fez virar palavrão), sem censura (outra palavra que a mídia adora desgastar porque é contra seus interesses econômicos), sem valores familiares. Tudo é sexo e apenas sexo. Sexo vende – e amor não (acham erroneamente os adoradores do dinheiro).
Estamos deixando que dêem informações erradas e deformadas para nossos filhos. E nem percebemos mais isso. A mídia conseguiu nos insensibilizar para os roubos dos políticos, para a violência urbana e para o estupro da infância promovido pelos meios de comunicação – com tantas luzes, cores e sensação que até esquecemos… que é um estupro.
A consciência que a mídia formou em nós é: “hoje em dia toda criança já sabe dessas coisas”. E com esse argumento invadem a infância com coisas próprias dos mundos adolescente e adulto. Matam a infância e esticam a adolescência expandido seus limites. Se antes eu era criança até os 12, adolescente até os 17 e adulto a partir dos 18, vem a mídia e muda tudo: a adolescência vai dos 10 aos 22 anos – ou quando o sujeito terminar a faculdade. De repente a adolescência começa com 8, ou 7, ou 6 ou 3 anos…
As novelas mostram padrões de comportamento que não são os da maioria. Dizem que a arte imita a vida – mas vem a mídia e consegue o contrário: de tanto ver a “arte” a vida termina imitando-a (se é que posemos chamar o que vemos na programação de “arte”…).
Por outro lado o que vemos é a arte de acabar com a infância. A criança pode (e deve!) acreditar em papai Noel até o máximo que der. Isso dá lucro! Mas tem que saber na mais tenra idade tudo sobre o ato sexual, da maneira mais distorcida possível.
Como ninguém nasceu sabendo, e como muitos pais tem dificuldades em falar de sexo com seus filhos, quem está ensinando essas crianças senão a própria mídia – que depois nos diz que “hoje em dia toda criança já sabe dessas coisas…”?
O efeito disso é óbvio: o SUS gasta cada vez mais com a gravidez precoce das adolescentes. Governos não gostam de gastar.
Temos duas pontas do problema: a mídia e a criança. O óbvio seria conter a mídia. Mas não: vamos violentar ainda mais a infância.
Então não bastassem os meios de comunicação agora várias apostilas de escola abordam o tema sexo. Virou moda falar de sexo para crianças de 10 anos.
Não há uma educação sexual consistente, permanente, que prepare a criança aos poucos – de acordo com seu nível de maturidade. Não: é tudo abrupto e bruto. Num dia ela está estudando sobre os seres vivos e plantando sementinhas de feijão – no outro pênis e vaginas desfilam nas apostilas de quarta série (agora quinto ano) com explicações técnicas sobre reprodução. Assim: sem preparo nem nada.


Não bastasse isso ainda tem apostila que ensina às crianças de 10 anos: a partir do momento em que o menino ejacular e a menina menstruar eles já estarão prontos para a relação sexual. E ensina que só depende deles decidirem a hora certa para isso…
Hã? Como é que é? Só um adulto sabe – ou deveria saber – as implicações de uma gravidez, os riscos da AIDS e das DSTs. Não uma criança de 10 anos!
Puseram o carro na frente dos bois, comeram os bois e chutaram o carro. Cadê a explicação de “onde você veio”? A boa explicação de que primeiro vem o amor, depois a família e então a gravidez?
Fomos direto às conseqüências sem passar pela causa. Primeiro vem o amor, o romance, o relacionamento. Sexo vem depois.
Mas… a mídia vem nos catequizando com a libertinagem faz tempo a ponto de acharmos… normal. Com essa desculpa (“hoje em dia isso é normal”) ensina-se métodos contraceptivos pra quem não tem maturidade para entender nada disso – as crianças.
Será que você se lembra de quando você era criança? Quando soube a primeira coisa sobre sexo? Se lembra da sua reação? E quando soube como sua mãe engravidou? Qual foi sua reação?
Para muitos adolescentes isso foi traumático. Hoje apostilas resolveram traumatizar as crianças de 10 anos.
Isso não é mais educação sexual – é violência sexual contra a infância! Meu filho sofreu essa violência. Apesar do diálogo aberto que tenho com ele sobre educação sexual uma apostila passou por cima dele como um caminhão. Atropelado por uma apostila que mais parece apostila do ensino médio (detalhe: ele só tem 10 anos) ele ficou confuso e traumatizado com o assunto. Passou a ter um sono intranqüilo, cheio de pesadelos, a achar sexo uma coisa suja.
Fomos procurar livros sobre educação sexual para tentar remediar o problema. E daí mais escândalo: livros teoricamente feitos para crianças mostrando – em desenhos – uma cópula com corte transversal onde é possível ver o pênis do pai ejaculando dentro da vagina da mãe (“Foi assim que você nasceu”).
Quando você era criança tinha livros assim? Não, não é mesmo.
Virou moda – e um grande negócio – expor sexo para as crianças. A moça da loja me disse que naquele mês muitos pais estavam procurando livros de educação sexual para seus filhos. Exatamente o mês que a tal apostila violentou a infância das crianças com informações descabidas e distorcidas.
Os adultos estão insensíveis – o comércio percebeu isso. E daí todos lucram: mídia, comércio, etc – e só a infância perde.
Que tipos de governos permitem a erotização da programação em horários em que as crianças ainda estão acordadas? Que tipo de gente permite que no meio dos desenhos animados se passe comerciais de novelas com cenas de sexo? Que tipo de “pessoas” promovem as famosas “dancinhas” que se sucedem no vídeo vulgarizando o corpo, o sexo e violentando ainda mais a infância?
Onde estão as religiões? Qual igreja apóia esse tipo de absurdo?
Bem, a minha igreja não apóia. O Papa é contra a pílula e os meios contraceptivos – e a mídia bate feio nele por isso. Mas… que tristeza! Se o Papa soubesse que uma dessas apostilas é usada em uma escola paroquial debaixo dos olhos da igreja!?… Uma apostila que não fala de Deus, nem de amor, nem de casamento, nem de família – mas de sexo entre seres humanos como se fala de sexo dentre animais.
Qual será a atitude da Diocese? Essa é a pergunta que não quer calar. Porque – como pai – já tomei a minha atitude faz tempo. A TV jogou para os pais a responsabilidade de censurar o conteúdo que ela expõe – e eu joguei a antena de TV fora há três anos atrás. Mas não pense que meus filhos não vêem TV. Muito ao contrário: assistem desenhos na hora que querem, pois locamos dvds com todo cuidado de escolher o conteúdo.
Como pai dou educação religiosa e familiar aos meus filhos desde sempre. Minha esposa – que também é católica – faz o mesmo.
Como pai abri há tempos um canal de diálogo franco e progressivo com meu filho. Educo-o sexualmente de acordo com sua idade, maturidade, fase de vida.
Daí vem a apostila, fria, impressa, escrita sei-lá-por-quem, sem levar em conta as diferenças individuais (um crime contra a educação) e massacra meu filho com informações e desinformações de ensino médio.
Como pai eu fiz a minha parte: paguei um colégio católico para garantir educação de boa qualidade a meu filho, compatível com minha religião. E recebi tudo que a Igreja mais condena em troca.
Então como pai, professor e catequista eu pergunto: quem socorrerá nossas crianças? Quem protegerá a infância? Será que a minha Igreja tomará uma atitude em defesa das crianças?
PS – A propaganda do governo diz que “criança não trabalha – criança dá trabalho”. É verdade. E até parece que estão querendo proteger a infância. Se esqueceram que “criança não transa – criança brinca!”. Porque criança… é criança. É bom ser criança – uma fase dourada da vida que a mídia e essas apostilas estão jogando na lama.
Por isso: deixem nossas crianças em paz! Deixem as crianças serem crianças! Deixem que elas tenham infância como vocês tiveram! Protejam as crianças! Protejam a infância!
“Tudo que fizestes ao menor desses pequeninos foi à Mim que fizestes” – (Jesus Cristo)

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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

A Ideologia de Gênero

Nem tudo que é cultural é errado, mas precisamos discernir o que é real e o que é loucura
Primeiramente, precisamos entender dois conceitos-chave para compreendermos o assunto a seguir. O primeiro é o que é “ideologia”. Essa palavra não significa um conjunto de ideias simplesmente como muitos pensam. Ideologia significa um conjunto de ideias falsas ou verdadeiras (podem conter as duas juntas), a serviço de interesses religiosos, políticos, econômicos e, hoje, também os interesses sexuais. O outro conceito que precisamos entender bem é o de sofisma. Um sofisma é uma ideia falsa que parece ser verdadeira, um argumento que transforma uma mentira em algo com aparência de verdade.
Ideologia de gênero
Com esses dois conceitos apreendidos, podemos esclarecer o tema abordado nesse artigo.
Ideologia de gênero é uma “ideologia” que atende a interesses políticos e sexuais de determinados grupos, que ensina, nas escolas, para crianças, adolescentes e adultos, que o gênero (o sexo da pessoa) é algo construído pela sociedade e pela cultura, as quais eles acusam de patriarcal, machista e preconceituosa. Ou seja, ninguém nasce homem ou mulher, mas pode escolher o que quer ser. Pois comportamentos e definições do ser homem ou mulher não são coisas dadas pela natureza e pela biologia, mas pela cultura e pela sociedade, segundo a ideologia de gênero.
Bem, vamos aqui fazer o discernimento necessário: existem verdades e mentiras nesses argumentos.
Primeiro vamos colocar as verdades:
Realmente, alguns comportamentos são culturais, por exemplo, as cores, alguns aspectos dos papéis masculino e feminino que não envolvem as questões biológicas obrigatoriamente, o machismo que colocou a mulher fora da sociedade por muitos séculos etc.
No entanto, precisamos entender, em primeiro lugar, que a cultura não é algo que deve ser desprezado, pois indica normas de comportamentos e papéis que organizam uma sociedade e estruturam as pessoas psiquicamente, um exemplo disso é que uma cultura que se desmorona como de algumas tribos indígenas no Brasil, desmorona também o psiquismo dos seus membros. Então, nem tudo que é cultural é errado, muito ao contrário, o cultural pode ser estruturante e saudável para a sobrevivência de uma sociedade, de uma tribo ou de uma comunidade.
Em segundo lugar, os papéis (muitas vezes realçados pelos brinquedos infantis, pelas cores etc) são de extrema importância para o psiquismo saudável, para que a pessoa possa construir sua identidade, inclusive a sexual.
A ideologia de gênero quer incutir na nossa mente que esses papéis são apenas criações culturais machistas e patriarcais para a dominação do homem sobre as mulheres. Mas será que um homem pode exercer o papel de mãe? Será que uma mulher pode ter a mesma força física de um homem de forma natural, sem nenhum recurso externo como hormônios masculinos? Será que um homem que nasce homem poderá mesmo ser mulher um dia?
Um dia, ouvi, na homilia de um padre da Canção Nova, uma fala muito interessante: um homem que troca de sexo, colocando útero e seios, sempre será um homem com útero e seios, nunca uma mulher. Mas a ideologia de gênero deseja incutir essa falta de realidade em nossa cabeça, dizendo que podemos ser o que quisermos e que é natural nascer homem e passar a ser mulher por causa da opção sexual. Sendo que as crianças e os adolescentes poderão, ingenuamente, crer nisso.
Temos de entender que existem os aspectos biológicos que não podem ser negados, eles são reais e dados. Loucura são as vezes que escapamos da realidade para fazer de nossas fantasias, alucinações e delírios uma realidade. Hoje, vivemos a loucura, em que as pessoas fazem de seus delírios uma realidade e ainda querem impô-las aos outros por meio de leis.
Podemos respeitar a todos, não os discriminar, nunca ser violentos ou fazer acepção de pessoas, pois Jesus Cristo jamais faria isso. Mas vamos discernir bem o que é loucura e o que é real.
Arlene Denise Bacarji
Possui graduação em filosofia pela Universidade Católica Dom Bosco (1991), mestrado em Sociologia pela Universidade Federal do Paraná (2000), mestrado em Teologia pela PUC (RS) e doutorado em Teologia sistemático-pastoral pela PUC-Rio. Foi professora e coordenadora adjunta da Faculdade Palotina de Santa Maria (RS) no curso de Teologia. Atualmente, é coordenadora do Curso de Teologia da Faculdade Canção Nova em Cachoeira Paulista (SP).
http://formacao.cancaonova.com/afetividade-e-sexualidade/a-ideologia-de-genero/

O sexo nos planos de Deus

Serão um só coração, uma só alma, terão um só projeto de vida
Você sabe qual o sentido do sexo no plano de Deus? O sexo une e é benéfico para o relacionamento. Todavia, Deus Pai é categórico ao propor que ele seja feito apenas dentro do matrimônio. O Senhor não inclui em Seus planos a vivência do sexo fora ou antes do casamento. A vivência sexual entre o homem e a mulher tem dois sentidos no plano divino: unitivo e procriativo. O Criador disse para o casal: “Sede fecundos e multiplicai-vos, enchei a terra” (cf. Gn 1,28), e ela não está cheia ainda. Falta muito para enchê-la e, para isso, o Senhor deu ao casal a vida sexual.
O sexo nos planos de Deus
Deus não quer sexo sem vida, mas também não quer vida sem sexo. Ele não quer que se tenha vida sexual e se impeça a vida de acontecer. Vida sem sexo, gerada num tubo de ensaio, gerada por fertilização, inseminação artificial, não está nos planos de Deus. Para que haja o ato sexual deve haver corações abertos à vida. Essa é a dimensão da procriação. Não há nada mais lindo neste mundo do que a maternidade e a paternidade.
O ser humano é gerado pelo ato sexual, o ato da vida. Para o casal, ele é uma fonte de vida, por isso é um ato grandioso e digno. Contudo, no mundo, o sexo encontra-se maltratado, sujo, profanado, prostituído, comercializado e, dessa forma, é comum na mente de algumas pessoas a imagem desse ato [sexo] como algo impuro, ruim.
Não, o sexo é algo belo! Há pessoas que, antes de praticarem o ato sexual, viram o crucifixo de costas, retiram as imagens sagradas do quarto, porque não compreendem a dignidade desse ato.
Além do aspecto procriativo do sexo, resta ainda o aspecto unitivo, ou seja, que une o casal. Deus disse para o casal: “Sereis uma só carne” (cf. Mc 10,8), e esta expressão significa: “Serão um só coração, uma só alma, terão um só projeto de vida, serão um”. É o que o Todo-poderoso quer para o casal. Ele quer que, no momento de gerar um filho, o casal seja um. Um pelo ato sexual, que é exatamente a celebração do amor conjugal.
O sexo para o casal é a celebração mais profunda do amor conjugal, o ápice do amor. O sentimento amoroso pode ser expresso de inúmeras maneiras: dando uma flor para a pessoa amada, um abraço, um telefonema quando se está longe. Porém, a forma mais intensa, mais profunda e radical de expressá-lo é pelo ato sexual, no qual não estão mais presentes as palavras; estão os corpos, a sensibilidade, os corações entregando-se um ao outro.
Do livro ‘A Cura da nossa Afetividade e Sexualidade’ – Editora Canção Nova
http://formacao.cancaonova.com/relacionamento/namoro/o-sexo-nos-planos-de-deus/

Atentados, suicídios: os jovens diante da violência do mundo

  Francisco Borba Ribeiro Neto   -   publicado em 02/04/23 Diante dessa situação, existe uma tarefa que compete a todos nós: os jovens preci...